sexta-feira, 10 de junho de 2011

Parabéns João Gilberto pelo seu octogenário




Não comecei ouvindo bossa nova por joão gilberto, afinal nasci em 1985 e minha paixão pela bossa começou a aproximadamente 5 anos. Em minha trajetória musical fiu fazendo um retocesso, na adoslescência ouvi muito rock, proncipalmente havy metal melódico, aos 19 anos descubri os clássicos da MPB (Chico, Gal, Caetano...). Mas foi com uns 22 que comecei a ouvir interpretações da bossa nova, e a pesquisar veementemente sobre o assunto. Fui apurando meu ouvido, criando um gosto elevado pela batida e pela voz contida, sem arranjos e exageros.

Hoje sempre ouço bossa nova, que acredito que jamais sairá da minha cabeça, coração e alma. Estou ouvindo também jazz e música clássica, mas meu estilo favorito é a bossa nova, que tenho o sonho tocar no violão (sou aluno iniciante de violão desde os 13 anos).

A voz inigualável, e baixinha susurra em meus ouvidos e me tranquiliza após um dia agitado de trabalho. Talvez por ser hiperativo o contraste com a sofisticação da bossa nova me encanta.








Matéria do Diretório Estadão:
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110607/not_imp728835,0.php

O cantor João Gilberto vai fazer um show em São Paulo, no dia 3 de setembro, no HSBC Brasil, e outro no Rio de Janeiro, dia 10 de setembro, na casa de espetáculos Vivo Rio, para festejar seu aniversário de 80 anos. Os ingressos começam a ser vendidos no início de julho e os preços ainda não estão definidos. Os espetáculos foram marcados para três meses depois da data de nascimento do cantor, 10 de junho.

Wilton Junior/AE-24/8/2008
Wilton Junior/AE-24/8/2008
João. Para festejar 80 anos

A apresentação no Rio de Janeiro trará uma novidade na carreira de João Gilberto. Uma parceria da casa com a empresa de transmissões MovieMobz vai permitir, pela primeira vez, a exibição de um espetáculo seu ao vivo, via satélite, para salas de cinema do Brasil e de outros países. Por causa do fuso horário, o Japão deverá assistir ao show com um dia de atraso.

Segundo afirmou a mulher de João, Claudia Faissol, em entrevista ao Estado, o músico tem nas mãos composições que nunca tocou, prontas para estarem no repertório de seu próximo show. A última apresentação do cantor em São Paulo havia sido em agosto de 2008, no Auditório Ibirapuera.

Fábio Lima, diretor executivo da MovieMobz, calcula que a exibição cinematográfica de João no palco do Vivo Rio pode atingir ao menos 25 mil pessoas no Brasil e em outros países. "Claro que tudo ainda depende de várias negociações. Precisamos saber das agendas das salas, do interesse do público", diz. O fotógrafo Walter Carvalho será convidado para dirigir o projeto.

A captação de som e imagem de um show de João pressupõe desafios maiores do que em outros espetáculos nos quais o silêncio não é tão fundamental. Um ponto a favor do projeto é a própria natureza acústica das salas de cinema. "As músicas serão transmitidas sem interferência alguma do ambiente", afirma Fábio. A captação será feita em linguagem 100% digital. Haverá um cuidado especial também com relação aos movimentos de câmeras e possíveis ruídos durante a captação. "Temos que pensar nisso sim, assim como em não atrapalhar o público que estiver no Vivo Rio", lembra o diretor.

Os ingressos para as exibições nas salas de cinema devem custar em média R$ 100. As vendas começam quatro semanas antes da data da apresentação.

Juazeiro da Bahia, terra de João Gilberto, também não quer deixar a data passar sem festa. João Bosco já confirmou presença em um espetáculo no dia 10 de junho, às margens do Rio São Francisco. Outros grandes nomes foram chamados, mas até o momento ainda não confirmaram. João Gilberto tem recebido convites de empresários também do exterior para levar shows para fora. Segundo Claudia Faissol, ele tem analisado as propostas e refletido sobre o que mais deverá fazer.

Por isso sou grato ao João Gilberto, pai da bossa, criador da batida. Parabenizo-o e o reverencio. Admito que o considero chato e mal humorado (acho que todos, até os mais fãs o veem assim), mas tiro meu chapéu para este grande mestre. Espero poder assistir a um raro show seu ainda em vida. Neste ano de comemoração ele fará 6 pelo Brasil, claro que não no ES onde moro, mas quem sabe não dou um pulo a amada cidade da bossa o RJ onde ele fara um dos shows!

Compartilho 3 vídeos que assisti hoje em sua homenagem e uma reportagem do diretório Estadão, que fala dos shows que realizará este ano.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

João Gilberto por Caetano Veloso

João me ensinou tudo. Sobretudo me deu uma ideia forte de destinação do Brasil

Era dele mesmo que Bob Dylan falava na contracapa do “Bringing it all back home”, como eu supus desde o início. Era ele que tinha feito surgir na frase seguinte a palavra “perfection”. A prova está na autobiografia que leva o título aparentemente humilde de “Crônicas”. Dylan conta que ele (assim como toda a turma legal e culta do Village) ouvia (e se identificava com) os bossanovistas brasileiros. Claro que, sendo Dylan, ele não poria o nome de Jobim na sua minilista: óbvio demais, orquestral demais, falado demais.
Em vez disso, citou Carlos Lyra e Roberto Menescal. Mas João Gilberto, por mais óbvio que fosse, ele não deixaria de mencionar: João está obviamente além do óbvio, é um medalhão rebelde, um clássico sem teto, um perfeccionista dos desacertos. Todos os músicos da minha geração no Brasil falam de João. Fora do Brasil, bastaria Dylan. Mas João já era o cara que soava bem “até lendo jornal”, para Miles Davis. O cantor que ensinou a Jon Hendricks sobre cantar como só Louis Armstrong tinha feito antes.
Quanto a mim, João me ensinou tudo. Sobretudo me deu uma ideia forte de destinação do Brasil, de tarefa dos brasileiros, de missão da língua portuguesa. Todos os meus sonhos que parecem malucos quando afloram aqui ganharam substância à audição do disco “Chega de saudade”, em 1959, em Santo Amaro.

Não preciso contar de novo. O bar de Bubu; meu colega que tinha me dito que, já que eu gostava de coisas loucas, tinha de ouvir esse novo cantor que era totalmente desafinado, indo para um lado quando a orquestra ia para o outro; a sensação de descoberta de um mundo. Tudo já é folclore. Tudo já é “Verdade tropical” (livro de título aparentemente imodesto). Talvez importe dizer que, ao ler no livro de Ruy Castro sobre a bossa nova que João desentranhou o “Desafinado” da condição de piada feita para ser veículo do afrancesado Ivon Curi (e, ao mesmo tempo, uma possível gozação com o estilo vocal do cantor), transformando a canção numa obra-prima de lirismo sobre as questões profundas do canto como atividade, pensei em quão programaticamente conscientizador foi e é o gênio de João Gilberto.

Que ele tenha sido o responsável pelo interesse de Sérgio Ricardo pelo marxismo, pelo interesse dos Novos Baianos por sambas e choros antigos, pelo meu próprio interesse por Orlando Silva! João! Quando Gal fazia “Fa-tal” no Teatro Tereza Rachel, ele foi assistir, meio escondido. Ao final, disse logo a ela que tinha gostado mais “da parte rock’n’roll”. Que homem é esse? Será a Bahia? Será o Espírito Santo? Como tentar se acercar do que significa a energia histórica que estimula a mente de um João Gilberto? A energia afetiva, a energia intelectual de um João assim? Ele foi e é o maior deslumbramento da minha vida.

Que esforço podemos fazer para descer à Terra e pensar sobre os fatos pedestres que o circundam? O artigo de João Máximo, inocentemente descobrindo o 78 rotações que João lançou (para o quase anonimato) no começo dos anos 1950, reduzindo tudo o que João fez a um mero reflexo da descoberta do estilo de Chet Baker. O simpático mas incompetente biógrafo americano de Chet (que encontrei casualmente na Concha Acústica do Castro Alves no show da Mart’nália) dizendo que, enquanto o trompetista era desancado por críticos e colegas nos Estados Unidos por suas gravações vocais, seu fã brasileiro, João Gilberto, o imitava o tempo todo em casas noturnas italianas. Lobão chiando porque João não canta “mágica no absurdo” (nesse caso Lobão tem razão — em parte: “Nem sempre se vê mágica no absurdo” é frase de gênio, e eu nunca a evitaria, mas João dá a “Me chama” a mágica que a canção não sabia dizer que tinha: ouvi queixa semelhante de Herivelto Martins, por João cortar trechos de “Ave-Maria no morro”, mas Herivelto era um dos grandes amores de João, o que não é o caso de Lobão mesmo). O show no Municipal com o som propositadamente baixo demais (e o violão desafinado) — o que fez com que meus dois filhos adolescentes não pudessem ter ideia clara sobre o que é que me empolga quando falo sobre João. A ausência até hoje das prateleiras de CD (coisa que já está em adiantada fase de desaparecimento) dos três primeiros álbums dele (a “Veja” disse que ele tem razão contra a gravadora — e eu mesmo escrevi parecer reprovando a masterização de que João não gosta —, mas a algum acordo já se teria de ter chegado, de modo a que tivéssemos os discos mais importantes da história de nossa música à disposição de quem quer e precisa ouvir). Nada pode competir com a cegante luz que se instaura quando se ouve “Pra que discutir com madame?” cantada por ele. Ou “A primeira vez”. Ou “Maria ninguém”. Simplesmente nada pode competir com o fato bruto da obra genial que é cada vez que João escolhe um samba (mesmo que não seja samba) e o traduz para a linguagem do seu violão inimitável, do seu canto que explica e justifica a existência do canto.

João cantando ainda bastante como Orlando Silva (mas já com a suavidade maior do que a do outro orlandista, o Roberto, Silva também) é algo que eu mesmo perguntei a João se não já seria tempo de incluir na parte oficial de sua discografia. Ele me respondeu sorrindo (e contando histórias sobre músicos que tocaram na gravação, completando com ternura frases das canções do disco que eu cantarolava) com outra pergunta: “Será, Caetas?” E logo começou o trabalho de fazer sumirem os três LPs iniciais. Mistério. Maravilha.

Fonte: http://sergyovitro.blogspot.com/2011/06/joao-gilberto-caetano-veloso.html

Adriana Calcanhotto com novo CD: O micróbio do Samba.



A nossa querida e prestimosa Adriana Calcacanhotto caiu no samba em seu décimo CD, "O micróbio do samba", lançado recentemente pela Sony.

São 12 canções que passeiam pelo universo poético e rítmico do samba, mas que, na poesia e no ritmo, apresentam um deslocamento em relação ao que se entende convencionalmente como samba clássico.

Gosto muito de samba simples e clássico ainda mais quando apresentado em perspectiva exclusivista e peculiar.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2011/03/15/adriana-calcanhotto-cai-no-samba-sua-propria-maneira-924016285.asp#ixzz1Omvona8K




Entrevista no Jô Soares



Músical no Jô Soares:


quinta-feira, 2 de junho de 2011

Máquina de escrever, palavras construídas em harmonia nos brindando com a mais ínfima autenticidade e o mais puro enaltecer da alma.


Um instante


Aqui me tenho
Como não me conheço
nem me quis

sem começo
nem fim

aqui me tenho
sem mim

nada lembro
nem sei

à luz presente
sou apenas um bicho
transparente


Ferreira Guillar


TRADUZIR-SE


Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
alomoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
_ que é uma questão
de vida ou morte _
será arte?



Se em meu ofício, ou arte severa,
Vou labutando, na quietude
Da noite, enquanto, à luz cantante
De encapelada lua jazem
Tantos amantes que entre os braços
As próprias dores vão estreitando
Não é por pão, nem por ambição,
Nem para em palcos de marfim
Pavonear-me, trocando encantos,
Mas pelo simples salário pago
Pelo secreto coração deles.

Dylan Thomas
Tradução de Mário Faustino


sábado, 7 de maio de 2011

Célebres Interpretações da MPB

Passei uma tarde navegando assistindo grandes interpretações de nossa rica música popular brasileira. Compartilho aqui 7 vídeos imperdíveis e profundamente emocionantes.


1. Antológica e inestimável interpretação de Ellis Regina para atrás da porta.

2. Maysa interpretando Ne me quitte pas:

3. A extraordinária Maria Bethânia interpretando uma das grandes canções do Chico: Olhos nos Olhos:

4. Mais um pouquinho da impecável Bethânia:

5. Doce e esbravejante voz... Ainda vou a um show dela: Nana Caymmi:


6. Gal Costa cantando Força Estranha… Formidável!

7. E para finalizar a inestimável voz Leny Andrade com um show a parte de uma banda fora do comum:

Um blog com título de café tem que falar sobre café!

Evelize Calmon mostra os segredos de um bom café expresso no "Café do Rafa", em Venda Nova do Imigrante:


Café produzido em Domingos Martins com fezes do passaro jacú. Excêntrico e exclusivista, vale a pena conferir quando for subir a serra do estado.

Verão Distante

Estou esperando o verão chegar
Conto os dias, conto as horas
e o verão não chega

Quero meu corpo bronzeado
me banhar por todo cais
e depois sentar debaixo de um coqueiro
com meu velho riscado violão

As águas do verão
não chegam até mim
Inverno me desvia de você
e em cada casaco que visto
minha vida, solidão.


I. Gezer ... Novembro 2009